IMPORTE-SE COM A OPINIÃO DE QUEM IMPORTA

Há uma postura diante da vida que é como as faces de uma moeda: são duas faces de uma mesma coisa, duas posturas que derivam do mesmo princípio.

Uma delas é a de quem se preocupa com a opinião de todo mundo: aquela pessoa vulnerável que se abala e muda de acordo com o gosto de qualquer um.

Do outro lado está o sujeito que não se importa com a opinião de ninguém, ou, pelo menos, gostaria de não se importar. 

A verdade não está em nenhum desses lados. Todo mundo que tem valor, que conquistou algo relevante na vida, ouve a opinião dos outros. Essa é a coisa mais óbvia do mundo. É muito importante você conhecer pessoas das quais possa ouvir a opinião. Não há problema nenhum nisso, pelo contrário.

O ponto importante e imprescindível é você conhecer pessoas cujas opiniões valham alguma coisa. Por exemplo, quando você conhece alguém que de fato é superior a você, que já viveu o que você pretende viver um dia, o certo é ir atrás dela e implorar por uma opinião a respeito da sua vida. 

Claro que uma coisa é você pedir a opinião, voluntariamente, de alguém que já conquistou o que você está buscando; outra bem diferente é alguém que sequer está prestando atenção na sua vida chegar, sem ser chamado, e dizer o que você tem de fazer. 

REJEITE OS DESQUALIFICADOS

É um grande problema estar sozinho, sem ninguém para opinar a seu respeito. Se isso acontece, você está perdido, porque não somos bons juízes em causa própria. É essencial ter alguém ao nosso lado balizando nossas ações. Isso não quer dizer que essa pessoa estará monitorando cada passo que você deve dar. Isso também não é bom. Mas é fundamental ter uma ou mais pessoas que possam ajudá-lo a avaliar o seu caminho de maneira geral.

Essa é uma das funções do Guerrilha Way. Você pega um pouco da minha visão de mundo, da experiência de já ter atendido milhares de pessoas, de saber o que funciona e o que não funciona, e compara com a sua vida. É uma maneira de iluminar o seu caminho.

Mas não é qualquer um que tem o direito de dar opinião na sua vida. Afinal, a pessoa pode estar opinando por mil motivos. Não se esqueça que brasileiro tem a mania terrível de dizer que nada vai dar certo. Você apresenta uma idéia nova com todo o entusiasmo e até a sua mãe joga um balde de água fria na sua cabeça. Nessa hora, não importa se é sua mãe, seu pai ou seu irmão: você tem de avaliar de onde a opinião deles está vindo. Pode ser que seja só um reflexo do próprio medo que eles adquiriram de arriscar coisas novas. Pode ser que eles adorariam que você estivesse inclinado a fazer um concurso público, só por causa da tal da estabilidade. Isso tem de ser avaliado.

Então, em primeiro lugar, não se deve rechaçar a opinião do outro só porque é opinião de um outro. Em segundo, não se pode ficar escravo da opinião alheia. 

Afinal, de que vale a opinião do seu vizinho a respeito do carro que você tem, a respeito do número de filhos que você gerou ou quer gerar, a respeito de viajar nas férias ou não? Por que escolher seu vizinho como opinador, como alguém que tem alguma força sobre a sua vida? A maior parte das pessoas, no fim das contas, acaba rejeitando em bloco a opinião alheia porque escolhe um monte de gente desqualificada como guia. Temos de tomar muito cuidado com isso. 

FAÇA A PERGUNTA CERTA

Para melhorar a sua capacidade de fazer escolhas e se livrar do olhar de quem não importa, você precisa adquirir o hábito de fazer a si mesmo a seguinte pergunta: Por quê?

Quer comprar um carro, uma casa, um relógio? Pergunte-se por quê. Quer mudar o estilo de roupa, do cabelo, das unhas? Pergunte-se por quê. 

Não que haja na largada algum problema em querer essas coisas; a questão é investigar para ver se alguém está mandando no seu desejo. Isso é fundamental. Você está querendo isso ou aquilo por causa de uma pessoa em concreto? Ótimo. Esse é o primeiro passo. Depois, a pergunta é: essa pessoa importa? Você quer receber a influência dela? Se a resposta for sim, então você deve fazer o que estava pretendendo. Se for não, o melhor é não fazer. 

Um amigo, um mestre, um pai, uma pessoa que de fato se preocupa com você, que gosta e se interessa por você, merece ser ouvida. Se uma pessoa dessas tem a opinião de que você deve mudar o jeito de se vestir, ou mudar de emprego, você tem de interiorizar essa ideia, considerá-la realmente. Mas se for o caso de gastar os 50 mil da herança num carro novo só porque o vizinho trocou o dele recentemente, o mais recomendado, para o bem da sua maturidade, é frear essa intenção. 

O problema com a opinião alheia não está em seguir a idéia do outro, mas na qualidade do juiz.

Aí está a importância desse exercício. Ao colocá-lo em prática, você descobre quem está apontando a direção que você está tomando.

Eu faço isso o tempo todo: sempre procuro declinar dos desejos que não têm base sólida. Você não pode tomar decisões às cegas. Não que não possa ser por impulso — às vezes é preciso agir por impulso mesmo. O que não pode é não saber por que está fazendo o que está fazendo. Não dá para não saber que você vai trocar de carro só para não ficar abaixo do vizinho. Você precisa saber que está agindo por inveja. O melhor seria não se deixar levar por motivações baixas, mas pior ainda é segui-las sem consciência clara. Sempre que somos levados por motivos baixos, pioramos. 

Então, não tome decisões às cegas. Sobretudo, não tome decisões às cegas motivadas por inclinações baixas. Evitar isso seria fantástico para a sua vida como um todo. Estou usando aqui exemplos de bens materiais, mas a mesma coisa acontece na busca de bens afetivos, intelectuais e espirituais. Procure não abordá-los de uma maneira viciosa, levado por luxúria, preguiça, soberba ou qualquer outro vício. Observe-se e entenda a história inteira que está acontecendo dentro de você. 

O PROBLEMA É FALSEAR A HISTÓRIA

Este exercício é para ser feito todo dia.

Você vai parar o que está fazendo e analisar: “Por que quero cursar Direito?”, “Por que quero emagrecer?”, “Por que quero viajar para a Disney?”. É porque ser chamado de doutor é legal, ou porque seu avô é um grande advogado e você quer ser igual a ele? Você está gordinha e não vai ficar bonita de biquini na praia? Todo mundo tem foto com o Mickey no Instagram, menos você?

Não é necessário encontrar uma resposta bonita, o importante é que ela seja verdadeira. Quando você declara a verdade, já não há mais problema. O buraco acontece quando você falseia a história e não declara o que o está motivando, tentando se enganar com algum motivo nobre. Jamais faça isso.

Às vezes nos sentimos meio estranhos, deslocados, sem saber o porquê. A solução para o enigma está em não tomar decisões às cegas: você tomou decisões baseando-se na opinião do vizinho, do primo, do parente que não está nem aí para sua história. Esse é um cuidado que precisamos ter com a nossa saúde biográfica a cada decisão à nossa frente. 

Uma vida plena, uma personalidade madura consegue dar os motivos de cada uma das suas ações. Se você perguntar para uma pessoa madura qual o motivo de ela ter feito isso ou aquilo, ela saberá responder. Esse é um dos elementos da maturidade: saber de onde partiu sua ação e para onde ela se dirige.

Parando para listar as coisas que você está buscando e se perguntando a respeito dos porquês, você vai descobrir muitos juízes desqualificados orientando os seus caminhos.

NEM TUDO QUE ENVELHECE, AMADURECE

Nessa de descobrir os juízes da sua vida, talvez passe pela sua cabeça que se o juiz for uma pessoa idosa, está tudo bem. Todo ancião é meio sábio, certo?

Errado.

Na nossa época, idoso é um poço de ignorância. É muito difícil achar um idoso de 60, 70, 80 anos que tenha algo para oferecer. Esses sujeitos foram deformados, porque são de uma geração completamente deformada. Isso é profundamente lamentável, mas é verdade.

Os idosos de hoje valorizam bens de jovem. Eles não querem sabedoria, prudência, dom do conselho. Querem é um abdômen tanquinho, fazer cooper, pilates, vestir-se igual garoto. Não estou dizendo que eles não devem buscar vigor físico, mas não deveriam valorizá-lo tanto. Saúde é saúde em qualquer idade.

Na verdade, o que deveria estar sempre presente na cabeça do idoso é a morte. Isso o levaria a priorizar as coisas do espírito. Com a morte sempre presente, o abdômen perde um pouco a importância, porque não vai demorar nada para ele estar em decomposição mesmo.

Isso não é chocante. Que o abdômen vai se decompor em pouco tempo não é chocante. Chocante é isso acontecer e a pessoa não estar nem aí. Chocante é não se pensar na morte quando ela está bem ali na frente. Chocante é que não se tem mais idosos sábios nos orientando. Então escolher um idoso para ser o juiz da sua vida, apenas porque ele é idoso, é burrice. 

Vamos então escolher bons juízes. Vamos entender de onde vem a nossa motivação e nos orientarmos de acordo com a opinião de quem importa. Isso coloca a nossa história nos trilhos.

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