É URGENTE TER PACIÊNCIA

A frase não é minha, nem tem autor definido, mas expressa uma verdade que podemos constatar todo dia:

“O pessoal supervaloriza o que se pode fazer em um mês e subvaloriza o que se pode fazer em um ano.”

Essa verdade tem de estar na nossa cabeça todo santo dia.

“Em um mês vou ficar magro, vou colocar minha vida em ordem, vou ganhar dinheiro, vou fazer um curso e estourar de clientes. Em um mês vou fazer um curso de inglês e ser contratado por uma multinacional…”

Deixa eu te contar uma história: não vai acontecer nada disso. Não é assim que a vida adulta acontece. O pessoal que acha que tudo acontece em um mês ainda não amadureceu. É próprio das crianças receber um efeito que não foram elas que geraram. 

Se você entrou na vida adulta, tem de entender o seguinte: você vai precisar de esforço para conquistar as coisas. Quando a gente acha que vai conseguir emagrecer ou aprender gastronomia em um mês, é porque ainda está pensando como criança e adolescente, ou seja, que alguém que trabalhou muito vai chegar e bancar o nosso esforço.

NÃO CONFUNDA PALCO COM BASTIDOR

O que deve ser feito, então?

A primeira coisa é saber que tudo na vida adulta custa esforço. Nada se conquista do dia para a noite.

Alguns podem pensar que comigo não foi assim, que eu até pouco tempo atrás não era ninguém na internet, e agora tenho milhares de seguidores e assinantes e tal. Mas a coisa toda não aconteceu de uma hora para outra. Você sabe há quantos anos me preparo para isso? Pelo menos, seriamente, desde 2002! Todo dia estudando filosofia, gastando uma grana em livros, sendo humilhado porque lia coisas que não compreendia. Mas você vai lá, enfrenta essa humilhação e permanece, uma hora você entende.

Tendemos a comparar o que está acontecendo no palco dos outros com o nosso bastidor; ou seja, de um lado, você só vê o esforço que você está fazendo, do outro, só vê a outra pessoa brilhando e pensa que para ela foi fácil.

“Mas tem adolescente ganhando medalha de ouro de natação.”

Sim, mas ele está treinando desde os 4 anos, todos os dias, 8 horas por dia!

Com um ou outro pode acontecer de se dar muito bem em alguma área sem muito esforço. Mas um ou outro não sou eu nem é você. Essas coisas a gente não consegue controlar.

PACIÊNCIA, AMOR E JULGAMENTO

Temos de nos comparar com a quase totalidade dos casos, nos quais foi necessário esforço. E aqui a paciência tem de ser entendida como uma motivação, porque a paciência não deriva da força, mas do amor. Paciência não é a força de resistir ao seu filho porque ele não come feijão. Para ser paciente, você não precisa de força, precisa de amor.

Se você quer chegar em algum lugar, se quer conquistar um bem material, ou afetivo, ou intelectual, tem de saber que a conquista vem por meio da paciência. E ela nasce quando você olha com benevolência para o processo. Você tem de entender que você mesmo e as outras pessoas podem melhorar, que a história ainda não acabou para vocês, que o processo de mudança está em curso.

Não está certo, por exemplo, olhar para uma criança birrenta, com dificuldade de alfabetização, e achar que ela é burra, estúpida, que não seja possível que ela aprenda. Dizer que uma coisa dessas não é possível não vem da paciência, vem é do julgamento que ela já deveria saber fazer aquilo. 

Quando você aborda qualquer realidade assim, com esse “já deveria”, com essa impaciência, no fim das contas você está demonstrando que é alguém que julga demais. Quando julga demais, você se coloca numa posição que não é a sua na vida. Ninguém tem a posição de juiz da vida dos outros. Você tem de sair daí hoje.

E vou mais além: você tem de sair da posição de juiz da sua própria vida. Nesse sentido é que eu digo que certo tipo de autoconhecimento não funciona muito. Você não tem de ficar julgando o que você faz. Você tem de amar aquele que você pode vir a ser. E amar a si mesmo nesse processo.

Esse não é um amor egoísta. Você não está amando o bosta que você é, nem está dizendo que todos têm de aceitar o seu jeito. Se de fato você pode ser alguém melhor, alguém mais pontual, mais laborioso, mais simpático, isso não tem nada a ver com egoísmo. Tem a ver com evoluir afetiva e biograficamente. Não é uma fuga da realidade concreta. 

NÃO ESQUECER É O PRINCIPAL

“Ah, Italo, então você está falando que só devo olhar para o dever-ser, para quem eu devo ser.”

Não estou dizendo que você deva olhar só para isso. Mas, de algum modo, todo mundo tem de saber mais ou menos aonde quer chegar e quem quer ser. E, para simplificar as coisas, você sempre pode ser alguém que ama e compreende mais, que julga menos, que não reclama, que aparece nos lugares e serve aos outros.

Em geral, a vida vai por água abaixo porque estamos julgando tudo e todos a todo instante.

“Como não vou julgar? Se eu não julgar, não educo meu filho. Não vou olhar para ele e ver que é um imbecil que não está lendo?”

Não precisa julgar: vá lá, explique e exija, sem precisar julgá-lo.

Em primeiro lugar, ame o que está acontecendo com você. Olhe para aquela realidade e tome posse dela: “Estou aqui tentando ajudar meu filho a ser alfabetizado. Quais recursos tenho na mão?” Saia da posição de juiz. Ao se colocar na posição de juiz, você cai na soberba e pensa que está no topo de tudo.

Aí alguém vai perguntar: “Mas como faço isso, como saio da posição de juiz?”

Esqueça essa porcaria. Não é como você faz, mas saiba isto.

A maior parte das coisas a gente não muda dando um como, oferecendo uma receita completa. A coisa é assim: “Saiba isto”. Saiba e não esqueça. Não há receita mais detalhada do que esta: para não ser juiz, não se esqueça que você não deve julgar os outros. 

Não esqueça e aja na prática.

Porque você está impaciente com seu filho que não está comendo feijão, você começa a julgá-lo, comparando-o com o filho da vizinha, que come feijão e salada. Não julgue. Vá lá e resolva. Bote menos feijão, conte uma história para ele, ou deixe o feijão para lá. 

ASSIM A COISA SE ENCAIXA

Não sei o que você vai fazer, mas na vida é assim: você precisa de paciência para de fato as mudanças acontecerem. Você vai precisar esquecer essas mudanças de um mês e passar a pensar no que pode acontecer em um ano na sua vida. Em um ano, conseguimos tirar 3 ou 4 vícios dominantes. Em um ano, você consegue ser menos preguiçoso, ser mais pontual, consegue sorrir mais para os outros etc.

Imagine em 10 anos! Você terá melhorado em 30 pontos, terá cortado 30 vícios. Você será um herói, será um sujeito que vai poder ensinar coisas para os outros.

Agora, em um mês ninguém faz nada. Não dá para resolver as coisas em um mês. Em um ano dá. Você não vira o que quer em um ano, mas a coisa anda. E, para andar, é necessário ter paciência; e a paciência é uma virtude tributária ao amor, não à força ou ao julgamento. 

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