NO TRABALHO, HÁ UMA PERGUNTA QUE VOCÊ NÃO FAZ (E OUTRA QUE MUDA O JOGO)
Eu gostaria que você lesse uma frase e me dissesse como ela soa aos seus ouvidos. É a seguinte: “O importante é você trabalhar com o que ama, com o que gosta”. Essa afirmação lhe parece certa, você concorda com ela? Você acha que essa idéia faz sentido?
Outro dia, vi um post de um sujeito que reclamava ter de cumprir sua função de trabalhador da marinha mercante em vez de estar livre para tocar seu instrumento favorito. Ou seja, ele estava reclamando porque queria trabalhar com o que gosta. Nos comentários, apareceu um figurão conhecido dizendo que o que importava era o sujeito fazer o que ele amava, que o único retorno sobre investimento que de fato importa é a felicidade, não o dinheiro.
É curiosíssimo, porque o sujeito que comentou isso está arquimilionário, o cara não tem mais onde enfiar dinheiro. E olha que eu gosto muito do figura, mas ele entrou nessa pilha maluca. Não entendi por que isso agora. Será que ele caiu no conto do vigário? Não estou falando que dinheiro é mais importante que felicidade. Não é isso. Estou tentando lembrar que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
“Você tem de trabalhar com o que ama, com o que gosta”. Só fala isso quem não tem a mais mínima idéia do que é trabalho. Trabalho é serviço, é dedicação, é esforço, é instrumento de melhora pessoal.
TRABALHO SEMPRE DÁ TRABALHO
Mesmo que você trabalhe com o que ama, uma hora aquilo vai demandar o tipo de esforço que qualquer trabalho exige. Imagina, por exemplo, que você goste de jogar bola, igual ao Ronaldinho Gaúcho, ao Ronaldo Fenômeno, ou a qualquer um desses jogadores profissionais. Para virar um atleta de ponta, você vai ter todo um aparato maldito de treinamento, de alimentação, de concentração e muito mais. Quer dizer, você vai jogar bola só durante os noventa minutos: no resto é trabalho. Entendeu que a coisa já deslocou? Embora adore jogar bola, você vai trabalhar com isso, aí a coisa muda e vira trabalho.
“Ah, eu adoro decorar casas.” Vai trabalhar com isso para ver o que vai acontecer. Você vai ter ali uma demanda do seu cliente, vai ter de trabalhar com orçamento limitado, com as frustrações de expectativas do outro, com prazo, vai ter de levantar da cama com febre porque tem um contrato assinado dizendo que a entrega tem de ser feita. A coisa muda ou não muda? A ideia de trabalhar com o que gosta é fuga.
“Adoro decorar casas e não gosto de carimbar papel lá na minha repartição, então vou abandonar um pelo outro.” Se você não tem a virtude de acordar na hora, de saber que aquilo é um serviço, de saber que tem uma demanda e uma expectativa do outro lado, também não vai gostar do trabalho de decorar casas.
“Ah, estou contaminando tudo, o problema deste mundo é que não nasci para ele, eu tinha de ter nascido em outra época”. Meu filho, você tem de melhorar hoje, nesta época. E, para isso, a primeira coisa é parar com essa idéia maluca de que você não pode ser feliz dentro da marinha mercante ou da sua repartição. Não é isso. Você não está entendendo o que é a felicidade.
A PERGUNTA ERRADA NO TRABALHO
A felicidade neste mundo vem junto com suor, sangue e lágrima. Enquanto não entendemos que é assim que funciona a vida, não conseguimos dar o próximo passo. É simples assim. Quando você pega um sujeito arquimilionário dando um conselho como o que eu mencionei no início, parece que ele se esqueceu de ter ficado anos e anos vendendo vinho na loja do pai, perdendo final de semana e feriado. Que graça tem isso? Que tipo de felicidade há nisso?
O sujeito faz a primeira fortuna vendendo vinho na loja do pai, diz primeiro que perdeu todos os fins de semana até os 30 anos e, de repente, muda a história toda. É igual ao indivíduo que fez a carreira inteira, alimentou os filhos, pagou a faculdade deles, conseguiu bancar o primo, o sobrinho, o tio, e agora diz que o que importa é cuidar do corpo, trabalhar a mente, e começa a pregar isso aos quatro ventos. Que coisa é essa? Não tem nada disso! O nosso foco aqui é: trabalhe, sirva, seja forte e não encha o saco.
Então, a primeira coisa é trabalhar. Quando você entra em um trabalho, não tem de procurar nenhum gostinho, mas saber que ali dentro você melhora, se aperfeiçoa, constrói sua personalidade e melhora o outro. Você não vai trabalhar perguntando se gosta ou não do que faz. Se pergunta isso, em duas semanas você sai do seu trabalho.
A PERGUNTA CERTA
Você tem de perguntar o seguinte: estou servindo aqui nesse trabalho? Eu sei fazer o que devo fazer? Sou útil aqui onde estou? Se a resposta é “não” para tudo, você não tem de fugir, tem de ir lá e aprender a fazer! Tem de fazer o curso que não fez, estudar o que não estudou, enfiar na cara o sorriso que até hoje negou para todo mundo que está ao seu redor… Tem de encontrar uma energia vital ali na manhã para contaminar os outros que estão no seu trabalho. Aí a coisa se resolve.
Você vai para o seu trabalho sem saber fazê-lo, não estuda a faculdade direito, não presta atenção no seu MBA e está querendo que todo o mundo bata palminhas para essa bosta que você faz. Aí, pronto, claro que você vai olhar para o seu trabalho e dizer que não gosta dele. O problema é que não é assim que se aborda o trabalho.
Sem fazer as perguntas corretas, você nunca vai gostar do que faz. Ao colocar o sentido certo, você encontra vários tipos de remuneração: financeira, moral, intelectual… Aí o jogo começa a fazer sentido.
Pare de se perguntar se você gosta do trabalho ou da faculdade. A pergunta certa é: “Esse lugar aqui é um lugar em que eu posso melhorar os demais?” Isso faz sentido. Fique ali e pare de reclamar.
A coisa é assim também no trabalho doméstico. Muitas mulheres e alguns homens dizem que não se sentem valorizados nas tarefas que desempenham em casa. Mas não há por que pensar nisso. Trabalhe direito, sirva direito, deixe as coisas em ordem, entenda que o trabalho doméstico é igual a qualquer outro. Em muitos aspectos, aliás, é superior, porque envolve nutrição, psicologia, relações públicas, finanças… É um super trabalho! Só não dá certo se você estiver trabalhando para receber palmas. Não se pode ficar em função de uma coisa que às vezes vai vir, às vezes não.
Isso aqui é lição de vida. Se você está trabalhando, a pergunta que vai fazer não é se gosta do que está fazendo. A pergunta certa é: “Sei fazer o que estou fazendo?”, “Tenho os ‘comos’ na minha mão?”.
Quando você acha que não gosta, é porque não sabe fazer, ou então sabe que poderia fazer melhor, mas não está conseguindo melhorar. Por isso você cai nessa confusão. É que você não consegue fazer, não tem o “como”. Portanto, aprenda os “comos” para trabalhar, servir e ser útil sem encher o saco.
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