COMO VENCER O MEDO DA MORTE

O medo é uma realidade que pode vir a partir da contemplação de muitos fatos diferentes. De vez em quando acontece alguma tragédia envolvendo muitas vítimas, como tempestades, enchentes, acidentes de avião, que despertam uma comoção geral das pessoas, junto com o questionamento quase automático de se aquilo foi algum castigo de Deus ou algo assim. Quando essas tragédias acontecem próximas uma das outras então, aí é que o medo se espalha pelas pessoas. 

Basicamente, estamos falando do medo da morte. De repente, muita gente que vivia sua vida de maneira desatenta se vê diante de uma verdade incorrigível: “Isso que aconteceu com as vítimas deste ou daquele desastre vai, mais cedo ou mais tarde, acontecer comigo também: vou morrer”. E o pavor se faz presente sem demora.

A morte vai aparecer para todos nós. Trata-se de uma das poucas realidades que sabemos com certeza. Na história de todo mundo, não sabemos se vamos ficar ricos, se vamos ser pai ou mãe, se teremos mais um filho… Mas, quanto à morte, todos sabemos que ela vai chegar para nós. 

A MORTE FAZ PARTE DA SUA VIDA

A morte, por assim dizer, faz parte da vida, não porque testemunhamos a morte alheia, mas porque ela faz parte da nossa vida. 

Ela traz certo medo paralisante quando vivemos mal nosso dia-a-dia. 

Se a notícia ou a presença da morte de uma pessoa lhe paralisa e amedronta, esse é um sinal claro de que você está vivendo mal a sua vida, de que está parado em algum ponto do seu desenvolvimento e precisa, de algum modo, assumir as rédeas das suas atitudes.

Ao presenciarmos uma morte trágica, de alguma maneira nos projetamos e nos damos conta de que aquilo poderia ter acontecido conosco: “E se fosse eu…?”. 

Ora, se fosse você, você não teria tido oportunidade de pedir desculpa para aquela pessoa, não teria tido oportunidade de ser mais sincero… Porque sua vida foi tirada do dia para a noite; de repente, você não está mais aqui.

Quando essas mortes em seqüência aparecem na nossa história, temos de fazer isso valer alguma coisa para nós. Temos de parar e meditar a respeito da nossa história: O que estamos fazendo da nossa vida? Estamos trabalhando direito? Estamos dizendo para a pessoa que amamos que de fato a amamos? Estamos servindo de fato aos demais? O que dá sentido à vida é essa abertura para o outro.

O QUE VOCÊ FARIA?

É aquela coisa que passa nos programinhas da Globo: “Se só lhe restasse um dia, o que você faria?”. Aí as pessoas respondem que comeriam toda torta de limão do mundo, ou que passariam suas últimas horas na farra. Vou dizer o que aconteceria se você agisse assim: morreria extremamente infeliz. 

Quando puxamos para dentro de nós alguns prazeres humanos, sentimo-nos ainda mais amedrontados. E por qual medo? O medo de perder o que acabamos de conquistar. Quando colocamos torta de limão para dentro, temos um primeiro movimento de saciedade, gostamos daquilo que comemos, mas logo vem uma rebordosa ou o medo de que a coisa vá acabar.

Esse tipo de posição diante da vida não traz felicidade para ninguém. Então não caia nessa. Se só lhe faltasse um dia, o que você faria? Não adianta querer comer toda torta de limão do mundo ou entrar numa vida desregrada. 

O que você deveria fazer? Não estou impondo regras; faça o que quiser. Só estou dando uma pista que pode lhe levar à felicidade: faça especialmente melhor aquilo que você deveria estar fazendo; faça especialmente melhor aquilo que é o seu dever. Quando fazemos especialmente melhor, com mais atenção, com mais amor, com mais dedicação, aquilo que é o nosso dever, isso dilata nosso coração. 

Não é outra coisa que dilata nosso coração.

“Estou fazendo especialmente bem aquilo que me cabe fazer?”. Se o tal medo for uma presença, pode ter certeza que a resposta é não. É daí que vem o medo. 

A morte é uma realidade que vai aparecer para você. É como quem diz: “Não precisa ter medo, ela vai chegar em algum momento”. Temos medo do leão que está na nossa frente porque podemos escapar ou não. Temos medo de ficar pobres porque podemos ficar pobres ou ricos. Temos medo de ser abandonados pela pessoa que amamos porque realmente podemos ser abandonados ou não. Mas da morte você não precisa ter medo: ela vai chegar de qualquer jeito. 

A morte é uma realidade imperativa da vida humana. Ela vai chegar para você, vai chegar para mim, e não sabemos se será hoje, amanhã ou daqui a 40 anos. Ninguém sabe.

SEM FUGA E SEM MEDO

Quando essas notícias de morte aparecem em nossa história, isso precisa ser um combustível de coragem para vivermos melhor a vida que nos cabe viver. Fazemos isso tirando essas realidades de fuga da nossa biografia. Podemos ter certeza de que, se temos medo da morte, se estamos paralisados, entristecidos, angustiados e sem ver sentido em nada, é porque estamos fugindo.

Quando não fugimos da nossa realidade, do nosso dever, do nosso serviço, a vida fica mais plena, e a morte não aparece mais como algo que nos paralisa, e sim como um elemento de coragem, como uma boa amiga. 

O pessoal me pergunta de vez em quando: “O que faço para parar de procrastinar?”.  Ora, lembre-se de que você vai morrer. A lembrança diária da morte tem um elemento fortíssimo de mobilização da nossa força, de nossos afetos, de nossa vontade. 

Todo mundo sabe disso, mas vive esquecendo. Só que, quando tragédias acontecem, a coisa reaparece bem na nossa cara. Então, vamos pegar esses elementos e nos perguntar: “Eu tenho mesmo vivido?” Aqui é só uma pista: quando servimos aos outros, quando fazemos especialmente bem aquele dever nosso de cada dia, o medo da morte começa a desaparecer, porque entendemos que a morte é uma realidade da qual não temos como escapar.

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