NÃO SE ACOVARDE JAMAIS

Força moral e força intelectual são indispensáveis para todos nós. Ninguém pode se escusar delas se quiser de fato ser uma pessoa madura. 

Na força moral e na força intelectual está a estabilidade necessária para uma vida minimamente valorosa, para que não haja covardia diante dos desafios sem conta que a nossa vida apresenta. A toda hora aparecem circunstâncias que nos impelem a tomar uma decisão séria, uma decisão que ou abre as portas para o crescimento e a melhora ou o alçapão para a queda e a degradação.

Ou estamos melhorando, ou estamos piorando. Não há terceira opção. Ou você assume sua posição e aceita a verdade, mesmo quando ninguém quer enxergá-la, ou você se torna mais um que fala uma coisa e faz o extremo oposto, conscientemente ou não.

E no que essas duas forças se juntam de uma maneira inigualável? No ato de não declarar, diante de interlocutores hostis, que você não sabe aquilo que sabe ou que sabe aquilo que não sabe. Nada gera mais fraqueza do que isso. 

Para exemplificar essa situação, vamos lembrar de uma história ocorrida no campo da psicologia.

 EM DEFESA DA MINORIA DA MINORIA

Em 2019, a Ordem dos Psicólogos Portugueses fez uma declaração infame contra a Dra. Maria José Vilaça. Parte do que foi dito pela Ordem seguia mais ou menos assim:

A psicóloga Maria José Vilaça, com a sua terapia, viola os princípios de autodeterminação das minorias.

Em questão estava o fato de a Dra. Vilaça oferecer, a quem a procurasse, no consultório particular dela, um tratamento chamado terapia de recuperação

Agora, pergunto eu: Quem percebe em si uma inclinação sexual a pessoas do mesmo sexo e encara isso como um desajuste, faz o quê? Não pode pedir ajuda? A pessoa mesma está dizendo que se sente desajustada. Ela não pode solicitar que um profissional lhe aplique alguma técnica para colocar em ordem uma questão vivida como desordenada? Quem olha por essa minoria dentro da minoria dos homessexuais?

A doutora está ajudando a pequena fração de pessoas, dentro da pequena fração de homossexuais, que não está contente com suas inclinações, a resolver um problema. Então, no fim das contas, ela está ajudando a minoria da minoria, bem ao contrário do que a Ordem alegou. A preocupação da Ordem é com as minorias ou com uma minoria em particular, que não pode ser contrariada em nada?

A Ordem dos Psicólogos Portugueses, inclusive, qualificou a técnica da Dra. Vilaça como pseudociência, esquecendo-se de que, no sentido em que eles usaram a palavra, a psicanálise também é pseudociência, mas nem por isso deixa de ser usada, nem deixa de ser eficaz. 

Praticamente toda psicologia, nesse sentido, é uma pseudociência, porque é difícil desenhar um estudo em que se possa fazer uma meta-análise. Esse é motivo suficiente para invalidar todas as técnicas de tratamento psicológico já inventadas?

Não é o caráter científico ou não científico da técnica que a torna eficaz. O que o pessoal da Ordem dos Psicólogos Portugueses fez com a Dra. Vilaça é cachorrada pura e simples. Eles não têm um décimo da força moral e intelectual que a doutora tem. A Dra. Vilaça sabia da linha geral que grande parte dos psicólogos está seguindo, mas nem por isso deixou de fazer o que julgava certo. 

Outra coisa alegada contra ela foi que não há como tratar algo que não é considerado uma doença. Mas, pergunto novamente, psicólogo só pode tratar doença? Como assim? Quem não pode tratar o que não é doença são os médicos; agora, psicólogo? Querer mudar de trabalho é doença? Estar meio de mal com a mãe é doença? Ter tomado um chifre do marido é doença? Nada disso é doença. No entanto, essas são as questões mais frequentes diante dos psicólogos todos os dias. 

Um psicólogo pode tratar o que ele quiser, desde que seja uma queixa do paciente. A Dra. Maria José estava na praça com uma plaquinha “Quero tratar você que tem atração pelo mesmo sexo”? Óbvio que não. Ela estava quieta no consultório dela. Agora, chega uma minoria da minoria que quer ser ajudada, do modo que ela entende que é uma ajuda, por que a doutora não deveria ajudar essa gente?

UMA LIÇÃO A MAIS

Essa é uma história muito boa que exemplifica a força que devemos desenvolver. A Dra. Vilaça foi super corajosa em aceitar ajudar esse grupo específico de pessoas. Provavelmente ela sabia que uma hora ou outra iriam persegui-la por lidar com essa questão do jeito que ela lida. Mas mesmo assim ela continuou. Não deixou essa minoria esquecida. 

Antes de qualquer coisa, temos uma personalidade, e a única coisa que vale na vida é construir uma personalidade madura. Não se pode construir uma personalidade à custa do acovardamento. É o sujeito que sabe que tem de fazer algo, mas, deliberadamente, não o faz. 

Não seja covarde na vida, de modo algum. A conta vai chegar na forma de tristeza e vergonha. Calar-se nos momentos em que um fraco precisa de ajuda, mesmo que ele não tenha pedido, é sinal de fraqueza grave. E contra essa fraqueza, todo ser humano pode e deve lutar. 

Contra a fraqueza física, tem horas que não dá. No limite você pode ficar doente ou morrer. Da fraqueza física às vezes não conseguimos nos livrar. Mas da fraqueza moral e intelectual, sempre é possível. 

Veja que você não precisa ser um gênio para notar as coisas que estou falando.

Não tenha medo. O medo não é bom conselheiro. Ele te leva para um lugar de trevas. Livre-se do medo. Seja homem! Seja mulher!

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