COMBATA A INVEJA COM UM EXERCÍCIO SIMPLES
Ninguém acha muito humilhante ser chamado de preguiçoso. Quando alguém conta a dificuldade que foi acordar de manhã ou levantar da cadeira, isso é até ocasião de risada, é compartilhado num ambiente de descontração: o sujeito vira motivo de chacota e todo mundo se diverte.
Agora, há alguns traços da personalidade que o pessoal não gosta de comentar. A covardia é um deles. Ninguém gosta de se assumir covarde. Pior ainda: ninguém, de fato, se assume covarde. As pessoas vão dar mil justificativas para um ato de traição para com um amigo que deveria ter sido defendido e não foi. A covardia é um vício que pega muito mal.
A inveja é um vício desse tipo.
Ninguém gosta de ser chamado de invejoso porque isso é assumir uma postura inferior em relação ao outro. Esse é o motivo pelo qual a inveja é muito mal resolvida na nossa vida. Não conseguimos nos enxergar como invejosos. E esse é o grande problema.
Quer dizer, é lógico que é ruim ser invejoso, preguiçoso ou covarde. Mas o primeiro passo para sair desse estado é você se reconhecer, se assumir como tal. É você olhar para si e declarar: “É verdade, sou invejoso, covarde e preguiçoso”. Aqui reside o ponto central da questão.
É difícil as pessoas encararem a inveja com valentia. Não estou dizendo para sair por aí declarando a terrível descoberta de ser invejoso; mas o que vai despertar a mudança é reconhecer, para você mesmo, que no seu interior esse vício aparece, vamos dizer, com uma certa frequência.
MUDAM-SE OS BENS… NÃO O MAL
Quando falamos de inveja, há uma distinção técnica que nos ajuda muito a reconhecer esse vício. Existe a inveja dos bens extrínsecos e a inveja dos bens intrínsecos. Trata-se da mesma inveja, o que muda é o tipo de bem que o invejoso inveja.
Por exemplo: você chega ao seu condomínio e vê um vizinho com um carro melhor que o seu. Dentro do seu peito bate um negocinho que lhe faz lamentar esse fato: “Pô, olha o meu e olha o dele”. É uma reação a um bem externo à pessoa. Pode ser a reação ao filho mais bonito do outro, não importa; a questão é que essa inveja se aplica aos bens externos que o outro tenha conquistado ou que tenham aparecido na vida dele.
Já os bens intrínsecos são, por exemplo, a valentia, a inteligência, a honradez, a lealdade. Muitas pessoas são melhores do que nós nesses pontos. Há o sujeito que é mais corajoso, ou que é mais honrado, mais legal, mais inteligente, e por aí vai. Quando a gente percebe essas virtudes no outro, a inveja vibra no nosso interior do mesmo jeito.
Seja voltada a um ou a outro tipo de bem, as pessoas que têm inveja podem olhar para o outro e começar a inventar mil histórias que compensem negativamente o que ele possui.
Você olha para o sujeito que tem uma coisa melhor do que a sua, um carro mais possante, um filho mais bonito, ou que é mais inteligente, mais honrado, mais leal, e o que você faz (especialmente nós brasileiros)? Começa a pensar em pontos negativos da pessoa.
“Esse aí tem um carro bonito, mas não sei como está ganhando tanto dinheiro”, “Esse sujeito tem um filho bonito, mas a criança é mal-educada.”, “Ele é inteligente, mas é feio.”
Pare com isso! O que é feio é ficar ruminando esse tipo de coisa na cabeça. É verdade que a maior parte das pessoas educadas não vai falar isso em voz alta. Falar para todo mundo ouvir é coisa de invejoso mal-educado. Mas todo mundo fica ruminando interiormente alguma coisa que rebaixa o outro de alguma forma.
TIRE ESSE PORÉM DA SUA CABEÇA
“Ele tem isso, mas… porém…” é atitude de gente mal resolvida e invejosa.
O primeiro passo para matar a inveja é não querer diminuir o outro sujeito. Não existe nada melhor do que reconhecer que as pessoas são melhores do que você.
Se você reconhece isso, então o mundo pode ser um lugar bom, porque, se todo mundo fosse pior do que você, tudo seria um lixo. Você sabe que você não vale grande coisa. Então, lógico que existem pessoas melhores do que você e melhores do que eu.
Imagine que tristeza seria uma sociedade em que eu fosse o melhor de todos. Nada daria certo. Isso porque sei que tenho um monte de lixo dentro de mim.
Uma pessoa que não admite a bondade e a superioridade dos outros está sempre assustada e angustiada, porque ela tem medo de tudo o tempo todo. Ela sente sempre uma grave insegurança nas relações pois, se considera que não existe ninguém melhor do que ela – como ela mesma sabe que ela não vale grande coisa – a vida vira um inferno. É óbvio que isso vai acontecer.
Reconhecer que os outros são melhores do que você é a melhor coisa do mundo. Isso traz leveza de espírito e você até consegue começar a melhorar, porque começa a enxergar o outro como um exemplo. Ele deixa de ser um opressor, porque a opressão vem daí: você não consegue reconhecer que o outro é bom e ainda fica tentando diminuí-lo com exercícios mentais.
Sempre que você reconhecer que alguém é melhor do que você, mais bonito, mais rico, mais inteligente, mais honrado, mais verdadeiro, fala melhor etc., qualidades que você não tem, não coloque um “mas” na seqüência. Não venha com o papo de “mas, porém, veja bem”. Não faça isso. Isso denota uma baixeza de caráter feia demais.
Reconheça que o outro é melhor mesmo. Dê graças a Deus que o outro é melhor, porque, se todo mundo fosse pior do que você, o mundo seria um inferno. Seria um lixo conviver só com pessoas piores do que nós.
Imagine: se sou o topo do mundo, estou frito, pois conheço minhas deslealdades, burrices e faltas. É óbvio que as conheço. Então, se todo mundo é inferior a mim, tudo é terrível e o mundo é um lugar de desorientação total.
Então, reconheça que existe gente melhor, fique na sua e não coloque o maldito “mas” em tudo. Assim a inveja começa a diminuir no seu peito.
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